terça-feira, 22 de julho de 2014

8ª Postagem: Scrapie, o primeiro vestígio de príons

   Nessa postagem, daremos ênfase à uma doença priônica que comete animais caprinos e, principalmente, ovinos. É importante ressaltar que esse foi o primeiro indício da existência de príons, até então totalmente desconhecidos, e, por isso, foram dados diversas explicações para essa enfermidade.
   O histórico do scrapie inicia-se no ano e 1954, quando uma descrição detalhada da enfermidade que acometia  gado ovino na Islândia deu origem ao termo "virose lenta", pois acreditava-se que o causador da doença era um vírus , no entanto com a característica de longo tempo de incubação. Ressalta-se a semelhança dos príons com vírus já realizadas nesse blog, dando embasamento à explicação.
   Eis que se iniciam as pesquisas relacionadas à príons através de pesquisas feitas por vários pesquisadores, entre eles Prussiner(rever a primeira postagem que detalha tais pesquisas e conta a decoberta do scrapie, pois esta ocorreu concomitantemente à dos príons, já que foi dele que inciaram-se as pesquisas). A descoberta das características físico-químicas do scrapie permitiram a descoberta da doença em casos passados(desde meados do século XVIII) que recebiam explicações diferentes na tentativa de, realmente, dar uma explicação aos casos. Perecebe-se que doenças priônicas acompanham a história da humanidade a mais tempo do que pensava-se, o que faltava era o melhor entendimento sobre elas, mesmo que ainda não completo.
   Os animais que sofrem de scrapie iniciam com alterações comportamentais e dificuldade de engolir alimentos e evolui para a descoordenação causada pela ataxia cerebelar( decomposição irregular de ajustes normalmente controlados pelo cerebelo e suas conexões, tal como a postura.). Isso, devido à degradação causada pelos príons, principalmente na região talâmica e cerebelar. Tal doença pode evoluir para duas formas: a forma pruriginosa e a forma nervosa, de acordo com a predominância de sinais sensitivos ou motores Dentre os principais sinais, temos: prurido, hiperexcitabilidade, ranger dos dentes e uma evolução para paralisia, tremores, convulsões e morte.
   A doença tem um período de incubação de 3 a 5 anos, por isso caracterizada como lenta, e causa a mortalidade em todos os casos encontrados, sem que haja uma cura.
   A transmissão dos príons infectantes ocorre a transmissão materna ou, também conhecida, transmissão vertical. Ainda nesse tipo de transmissão, ela pode ocasionar na infecção através do contato com placenta contaminada ou fluidos contaminados,sendo esta a principal forma. A via oral também é uma possibilidade de transmissão da doença, todas elas sendo necessária a entrada de um animal infectado para que possa ocorrer, já que não foram registrados casos de transmissão pela genética.
   É importante ressaltar que, mesmo que não haja transmissão genética da doença, certos alelos podem apresentar maior resistência aos sintomas do scrapie, mas não à doença em si. Dessa forma, o tempo de incubação é maior e o animal pode sobreviver por mais tempo. Tal diferença genética têm sua separação nas raças, pois somente algumas raças de ovinos apresentaram essa diferenciação genética.
   O diagnóstico ocorre através da coleta de tonsilas, tecidos linfóides da terceira pálpebra e na prega ano-retal(vale ressaltar que a atuação dos príons é maior nas áreas do sistema nervoso e sistema imunológico) para a técnica da imunoistoquímica. Porém, esse diagnóstico de detecção de príon não é totalmente confiável, somente a autópsia do tecido nervoso trará um resultado pleno, mas só pode ocorrer após a morte do animal.
   A preocupação da transmissão da doença e a falta de vacinas ou tratamentos faz com que haja morte do animal pelos seus criadores no momento em que existe suspeita da doença(assim como no Ma da Vaca Louca). A Austrália e a nova Zelândia, por exemplo, utilizam política de importação, quarentena e descartes rigorosos, sendo consideradas áreas livres. Já o Brasil apresentou seu primeiro caso em 2003 em um animal descendente de um importado dos Estados Unidos.

Fonte:
http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/programa%20nacional%20dos%20herbivoros/SCRAPIE.pdf
http://www.infoescola.com/medicina-veterinaria/scrapie/
http://www.scielo.br/pdf/anp/v49n2/01.pdf
http://www.sheepembryo.com.br/files/artigos/54.pdf

6 comentários:

  1. O maior determinante da suscetibilidade é a genética dos indivíduos (há diferenças raciais, familiares e individuais na suscetibilidade da doença). Vale acrescentar que variações no período de incubação ou na suscetibilidade podem ser determinadas por um único gene denominado SIP. O gene SIP é estreitamente ligado ou idêntico ao gene PrP, o qual codifica a proteína PrPc. Então a resistência ao scrapie é relacionada à estrutura do gene PrP. Ovinos com genótipo resistente não desenvolvem scrapie, suspeitando-se que estes podem ser portadores assintomáticos. Como o scrapie atinge o cérebro é desconhecido. A infecção no encéfalo ocorre inicialmente no diencéfalo e medula oblonga com subseqüente disseminação e replicação em outras áreas do encéfalo. A infecção do sistema nervoso central pode ocorrer aos 25 meses em animais clinicamente normais. A morte resulta provavelmente da disfunção neuronal.

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  2. O exame para confirmar a priose é feito através do sistema linfático porque o scrapie possui preferência justamente pelo sistema linforreticular, local onde se replica durante o período incubatório, subsequentemente, migrando para o sistema nervoso central. Não se conhece o mecanismo pelo qual o agente alcança o cérebro. O que é conhecido é que a infecção primeiramente ocorre no diencéfalo e medula oblonga (bulbo raquidiano) com subseqüente disseminação e replicação em outras regiões do encéfalo.

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  3. Esta doença não possui tratamento e nem vacina. Deste modo, é importante a adoção de algumas medidas para evitar o surgimento da doença no rebanho. Deve ser feita a seleção de fêmeas livres da doença para diminuir o número de cordeiros infectados, além de diminuir outras formas de contaminação, uma vez que as ovelhas positivas para scrapie apresentam a placenta infectada, sendo esta uma fonte direta e indireta de infecção para outros animais que entrarem em contato com ela. Outro método é o abate dos animais infectados, tendo suas carcaças incineradas.

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  4. Esta doença pertence ao grupo de encefalopatias espongiformes transmissíveis (EET), sendo todas causadas por príons. Este, por sua vez, é muito resistente à radiação ionizante e ultravioleta, bem como às influências físicas e químicas. Não é destruído pela fervura, congelamento e descongelamento rápidos, ou por exposição ao éter. Tratamentos de calor podem diminuir sua infectividade, mas para que o vírus seja totalmente destruído, é imprescindível a esterilização por vapor a 132°C. Inativação química pode ser alcançada com o uso de hipoclorito de sódio 2% por um período de 1 hora, ou com o hidróxido de sódio 4%. Na década de 50 observou-se que o scrapie apresenta diferenças de ocorrência entre as distintas raças de ovinos, acometendo ambos os sexos igualmente. Costuma afetar animais entre 2 a 5 anos de idade, ocorrendo raras vezes em animais com menos de 18 meses de vida.

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  5. Uma variedade de proteínas precisam ser continuamente fabricadas nas sinapses, as pequenas interfaces (ligações) entre uma célula e outra. Mas, enquanto uma célula pode ter um grande número de sinapses, a síntese protéica que cresce e mantém a conexão só ocorre em pontos específicos que foram ativados.

    Trabalhos realizados na lesma-do-mar Aplysia (uma favorita de neurocientistas devido às suas células grandes) mostraram que uma proteína chamada CPEB, proteína citoplasmática de ligação ao elemento de poliadenilação (sigla, em inglês, para cytoplasmic polyadenylation element binding) é necessária para manter uma sinapse ativada.

    Em 2003, ao trabalharem com a especialista em príons de levedura Susan Lindquist, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Si e Kandel mostraram que as CPEBs atuam como príons.

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  6. Na ovinocultura o scrapie é uma grande preocupação pois, se presente e público, reduz significativamente a venda de ovinos resultando na dissolução do rebanho. A doença tem grande importância internacional devido aos embargos mantidos por vários países contra os ovinos das áreas enzoóticas. Isto tudo em razão da hipótese do scrapie ter dado origem a encefalopatia espongiforme bovina ou “mal da vaca louca” e por não se saber ao certo a possibilidade da transmissão do scrapie ao ser humano. É muito importante que as instituições governamentais criem um esquema de controle e erradicação eficaz da doença no Brasil, pois com o crescimento da ovinocultura no país a ocorrência do scrapie pode minar a exportação da carne ovina e bovina para os demais países estrangeiros.

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