quinta-feira, 15 de maio de 2014

1ª Postagem: Uma historia sobre Prions


     Em nossa primeira postagem oficial do blog sobre Príons, vamos descobrir um pouco mais sobre o descobrimento dessas Proteinaceous Infectious Only Particle (Partícula Infecciosa Puramente Proteica) e adentrar mais na área de estudo dos príons, bem como curiosidades.
    Os primeiros vestígios da existência de príons datam de 1954 a partir do surgimento do termo virose lenta para descrever enfermidades existentes no gado ovino na Islândia. Curiosamente, essas doenças misteriosas são datadas desde 1730, quando foram percebidos os primeiros casos.                    Tal enfermidade, que logo ficou conhecida como scrapie ( a qual vai ser tratada futuramente), era considerada uma situação de óbito garantido.
        Durante meados de 1957 e 1959, época em que se descreveu a doença kuru, um patologista publicou no jornal ''The Lancet'' uma carta intitulada ''Scrapie and Kuru'' na qual dizia: ''...it might be profitable, in view of veterinary experience with scrapie, to examine the possibility of the experimental induction of kuru in a laboratory primate, for one might surmise that the pathogenetic mechanisms involved in scrapie
— however unusual they may be — are unlikely to be unique in the province of
animal pathology''. Esse acontecimento resultou em estudos incessantes sobre a doença kuru, fato que levou a descoberta da estreita relação entre as doenças scrapie, kuru e doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) no que diz respeito ao agente infeccioso.
    Curiosamente, na tentativa de buscar o agente infeccioso, expôs-se cérebros de camundongos a exposição ultravioleta e, mesmo apos o experimento, o potencial infectante não alterou. Tal descoberta foi impactante, pois esse tipo de radiação causa excitação nas moléculas do polímero de DNA através da adição de energia. Essa adição causa a anomalia da formação de ligações entre duas bases nitrogenadas de tiamina, enquanto que em uma molécula de DNA normal a tiamina deve se emparelhar com uma base nitrogenada adenina, assim como é perceptível na figura a seguir:

http://pequenosbiologos.files.wordpress.com/2010/09/dna.jpg
Timina(2,4-diosso-5-metilpirimidina):                                                       Adenina(6-amino-9H-purina):
Uma Timina e uma Adenina ligam-se através de duas pontes de hidrogênio

      No caso da anomalia, o DNA emprega reações químicas para se curar, mas em casos de danos em grande quantidade, ele tende a não se replicar novamente e simplesmente morrem. No entanto, como isso não ocorreu e o agente infectante também apresentou resistência ao calor, ao formaldeído (agente esterilizante) e às nucleases (enzimas capazes de quebrar nucleotídeos), percebeu-se que o agente nao era nenhum dos considerados convencionais.
      Já no inicio da década de 80, o cientista Stanley B. Prusiner foi o responsável por detectar a presença de uma proteína hidrofóbica no agente infeccioso, o qual ele denominou de Príon. Dois anos apos a descoberta, sua equipe conseguiu desvendar a sequencia de aminoácidos que compõe o príon, chamada de PrP, garantindo um Nobel de Fisiologia e Medicina
     Com essa descoberta que revolucionou os campos da biologia e da medicina, encontrou-se formas infecciosas e não-infecciosas dos príons, assunto que sera abordado na próxima postagem.

Obs: O DNA é formado por uma fita dupla de nucleotídeos que são constituídos através de uma pentose (monossacarídeo), associado a um ou mais fosfatos e a uma base hidrogenada. Essas fitas possuem extremidades denominadas 3' que possui um hidroxil e 5' que possui um fosfato. 

Fonte:
http://www.scielo.br/pdf/anp/v71n9B/0004-282X-anp-71-09b-731.pdf
http://www.scielo.br/pdf/anp/v49n2/01.pdf
http://aprendabiologiacomdjalminha.blogspot.com.br/2009/04/prions.html
http://pequenosbiologos.wordpress.com/2010/09/15/o-que-e-dna-%E2%80%8E/

8 comentários:

  1. A abordagem do tema mostrou-se bastante satisfatória e rica em informações. Interessante começar expondo o "surgimento" dos príons e, logo depois, explicar a evolução das descobertas feitas sobre o tema. Aguardo novas publicações!

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  2. Interessante a abordagem do tema, que, no geral, é bem desconhecido pela população. O surgimentos dessas proteínas e seus efeitos é algo bastante instigante, e suas correlações com a estrutura química expostas nos dão uma visão mais geral sobre esses seres. Muito bom o tema abordado, visto que nós humanos ainda temos muito o que conhecer sobre os príons e muito que divulgar sobre eles.

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  3. Interessante a abordagem bioquímica deste assunto, pois assim podemos perceber melhor o funcionamento destes agentes infeciosos. A abordagem histórica também foi bem explorada, nos situando melhor diante dos problemas causados pelos prions no contexto em que começaram a ser estudados.

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  4. Gostei muito desse primeiro post sobre príons! Muito interessante relatar como esses agentes infecciosos foram descobertos e já citar algumas enfermidades causadas por eles, como o Kuru. Aguardo novas publicações para aprender mais sobre os príons!

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  5. É interessante o tanto que uma doença pode admitir diferentes facetas em tempos diferentes, devido às diferentes possibilidades de tratamento. O blog atingiu êxito em destacar que os príons antes eram vistos quase como "seres desconhecidos". Espera-se conhecer cada vez mais essas proteínas infecciosas e principalmente, como combatê-las.

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  6. Muito legal falar sobre a descoberta dos prions! Eu particularmente nao fazia ideia de como isso se deu. Apesar da linguagem muito tecnica o texto foi esclarecedor.

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  7. Post bem trabalhado, a introdução do tema dos príons através de uma abordagem histórica mostra a dificuldade que foi descobrir esses agentes infecciosos, sendo que apenas na década de 80 se teve êxito. Apesar de passado mais de 30 anos, muitas pessoas ainda são leigas no assunto, além do assunto ainda ser pouco divulgado. Acredito que o blog irá tirar várias dúvidas que temos.

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  8. O que mais fascina nesse tema é a capacidade de um simples erro no material genético de burlar os mecanismos convencionais de correção do DNA e passar a agir como um agente infeccioso. O tema, apesar da grande importância, infelizmente não é tão discutido quanto outras formas infecciosas atualmente, por conseguinte as informações que a maioria de nós, leitores, temos a respeito dele são escassas. Por isso continue a ótima explanação, tenho certeza que aprenderemos muito com o blog.

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